
Publicada em 27/12/2009
Opinião - Correio Popular - Campinas - SP
Nunca se comentou tanto e nunca se temeu tanto a violência urbana como nos dias de hoje. Ela tornou-se assunto do nosso dia a dia, tendo de um lado uma população que vive apreensiva e medrosa, de outro lado o poder público numa luta inglória contra os criminosos e, por fim, um segmento para o qual matar, agredir e assaltar tornaram-se banais. A sensação de insegurança faz com que as pessoas evitem sair à noite, mudem constantemente o seu itinerário de trabalho, instalem alarmes e cerca elétricas em suas residências. Enfim, são seres humanos confinados e sem alegria suficiente para viver a vida como se deve viver. Até quando estaremos todos nessa embarcação, cujo destino continua incerto? Resposta positiva entendemos não ter e muitas seriam as causas da violência urbana, sendo a mais importante, no entender dos experts, a má distribuição de renda, que resulta na privação da educação, melhores condições de moradia e de consumo. Temos nesse segmento pessoas que acabam por percorrer os caminhos da ilegalidade e da criminalidade, muitas agindo sem o mínimo escrúpulo e praticando terríveis maldades físicas, que hoje se tornaram comuns. Há quem entenda que reside na ação policial a contribuição mais eficiente para solução da violência urbana. Será? Quando ficamos sabendo que a nossa polícia, tanto a civil como a militar, é mal remunerada, sem armamento e equipamentos eficientes e que lhes deem condições de bem enfrentar a marginalidade, questionamos a ação policial como efeito solução. Com salários baixos e com armas ultrapassadas, os policiais saem de casa para o trabalho sem a certeza de que a ela retornarão. E muitos se sujeitam ao conhecido “bico” para melhorar suas condições financeiras ou, então, se entregam à corrupção. Concordamos que a polícia é uma instituição basilar no combate à violência, mas desde que bem conceituada pelo poder público ao qual está submissa. O que não pode é o povo pacato e trabalhador continuar vivendo com medo e confinado, com as famílias sendo desestruturadas. E a violência urbana praticamente liquida a cidade, consumindo recursos públicos já em falta e que deveriam ser utilizados para atender os setores de saúde, escola e habitação para os mais carentes.
Mas a pergunta que se faz é como lidar com esse quadro de terror, que diariamente nos é mostrado pelos jornais impressos, rádios e televisão? Emociona e assusta quando nos é imposta uma notícia dando conta de agressões e assassinatos fúteis, tendo como vítimas jovens, idosos e notadamente indefesas mulheres e crianças. Erradicar a violência urbana exige providências concretas e urgentes das nossas autoridades e poderes públicos na medida em que seus tentáculos, a cada dia que passa, crescem de forma assustadora. Uma mais justa distribuição de renda e um combate mais contundente às drogas, de um lado, e mais educação e lazer aos jovens, de outro, quem sabe, teríamos a violência urbana erradicada ou, pelo menos, bem menor.